A 25 de julho, o Brasil celebra, desde 2014, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza, também conhecida como Rainha Tereza, é um símbolo da luta contra o racismo e o patriarcado no século XVIII.
As informações sobre a vida de Tereza são limitadas devido ao apagamento das contribuições dos povos africanos no Brasil. Os historiadores teorizam que terá nascido em Angola ou talvez no Brasil. Tereza foi uma escrava que, junto com seu marido José Piolho, liderou o Quilombo Quariterê em Mato Grosso.
Qual é o significado de “quilombola”?
O termo “quilombola” tem significativa importância histórica e cultural, especialmente no contexto da história afro-brasileira. Derivado da palavra kimbundu ‘kilombo’, referia-se originalmente a organizações sócio-políticas formadas por africanos que tinham fugido da escravatura portuguesa no Brasil. Com o tempo, “quilombo” passou a significar comunidades de resistência, tanto metafórica quanto literalmente. Por isso, o termo “quilombola” se refere aos moradores dessas comunidades e carrega uma conotação inerente de luta, resiliência e resistência.
Hoje, “quilombola” representa uma identidade profundamente enraizada numa história partilhada de resistência contra a opressão. É um termo dado aos descendentes dessas comunidades originais, as pessoas que continuam a viver em quilombos espalhados pelo Brasil. Estas comunidades, apesar da passagem dos séculos, continuam a manter as suas práticas culturais únicas e são um testemunho dos seus antepassados.
Luta contra a escravatura e a opressão Quilombola
Tereza de Benguela lutou contra a escravidão e a opressão do povo quilombola, mas sua luta foi além dessas frentes. No século XVIII, emergiu como uma líder formidável, combatendo não só a escravatura, mas também o patriarcado enraizado da época. Assumindo a liderança após a morte de seu parceiro, liderou o Quilombo de Quariterê, uma comunidade no atual estado brasileiro de Mato Grosso. Sob a sua orientação, a comunidade prosperou e resistiu à opressão portuguesa durante décadas, servindo como um farol de esperança e resistência para o seu povo.
Alguns acreditam que ela liderou o quilombo após o assassinato de seu marido pelos colonizadores. Tereza foi uma revolucionária que manteve um sistema parlamentarista no quilombo, abrigando negros e índios por duas décadas. Em 1770, o Quilombo de Quariterê já abrigava mais de três mil moradores.
O seu legado e significado na atualidade
Tereza acabou por ser capturada e executada pelo exército português, mas o seu legado perdurou, inspirando gerações de resistência contra os sistemas patriarcais e a opressão colonial. A liderança corajosa de Tereza de Benguela no século XVIII continua a ser um símbolo poderoso da força e resiliência das mulheres, especialmente no seio da comunidade quilombola.
O impacto de Tereza de Benguela mostra como a organização de uma mulher negra pode ter impacto numa estrutura sócio-política. Angela Davis, uma filósofa americana, afirma: “Quando as mulheres negras se deslocam, toda a estrutura da sociedade se desloca com elas”.
A vida e a morte de Tereza continuam a ter repercussões actuais. Em 1992, mulheres negras da América Latina e das Caraíbas reuniram-se na República Dominicana para se manifestarem contra o racismo. O Brasil incluiu o dia de celebração de Tereza, 25 de julho, no calendário nacional em junho de 2014, sob a presidência de Dilma Rousseff.
Em 1994, a escola de samba Unidos do Viradouro homenageou Tereza durante o Carnaval. No ano passado, a Barroca Zona Sul fez um retorno triunfal após 15 anos com a história do líder quilombola.
O impacto da sua liderança na desigualdade de género
Ao examinar o impacto da liderança de Tereza de Benguela na desigualdade de género, é imperativo mergulhar na dinâmica social do século XVIII, especialmente nas comunidades quilombolas. Uma mulher forte e resistente, Tereza emergiu como uma força potente numa sociedade profundamente patriarcal, desafiando as normas de género e cultivando uma sociedade que promovia a igualdade de género.
1. Líder feminina pioneira: Tereza foi uma das poucas mulheres do seu tempo a assumir um papel de liderança na sua comunidade. A sua liderança serviu como um farol de esperança e um exemplo de resiliência, desafiando as normas patriarcais enraizadas do século XVIII. Não só liderou o Quomboil do Piolho, também conhecido como Quariterê, após a morte do seu companheiro, como manteve a sua autonomia económica, política e cultural no meio de constantes ameaças.
2. Defensora da igualdade de género: Como líder, Tereza implementou políticas que promoveram a igualdade de género na sua comunidade. Assegurou que as mulheres participassem nos processos de tomada de decisão e que as suas vozes e perspectivas fossem não só ouvidas, mas também valorizadas. O empenho de Tereza na igualdade de género mudou radicalmente a dinâmica dos géneros na comunidade quilombola, abrindo caminho a estruturas sociais mais equitativas.
Desafiando e desafiando o patriarcado, Tereza de Benguela lançou as sementes da resistência, que acabaram por evoluir para um movimento mais amplo pelos direitos das mulheres e pela igualdade de género. O seu impacto transcende os séculos