Já parou para pensar quem são as mulheres invisíveis que alimentam, limpam e cuidam dos lares da Colômbia? Alguma vez os viu para além dos seus aventais e vassouras? Já ouviu falar das trabalhadoras domésticas afro-colombianas?

Provavelmente não, e não o censuro. A invisibilização destas mulheres é um fenómeno que penetrou profundamente na sociedade colombiana, uma questão que temos de abordar com urgência. Através deste artigo, o meu objetivo é lançar luz sobre a realidade dos trabalhadores domésticos afro-colombianos, uma questão que tem sido largamente ignorada, mas que não pode ser descartada tão facilmente.

Por isso, caro leitor, convido-o a abandonar os seus preconceitos, a abrir a sua mente e o seu coração a uma realidade que talvez não conheça, mas que tem uma enorme influência na sociedade colombiana. Está pronto para mergulhar na luta, resistência e sobrevivência das trabalhadoras domésticas afro-colombianas? Aqui vamos nós!

Contexto Histórico de las Trabajadoras Domésticas Afrocolombianas 

Desde el siglo XIX, las mujeres afrocolombianas han desempeñado un papel fundamental en el trabajo doméstico. Este fenómeno no es producto de la casualidad, sino que tiene profundas raíces en la historia racial y socioeconómica del país. ¿Por qué la mayoría de las trabajadoras domésticas en Colombia son afrodescendientes? ¿Qué factores económicos y raciales llevaron a esta tendencia? Las respuestas a estas preguntas nos llevan a una triste realidad, donde la discriminación racial y la desigualdad económica han obligado a estas mujeres a ocupar estos puestos de trabajo, a menudo desprotegidos y mal pagados. 

Ley 1595 de 2012 

Para combatir esta injusticia, se promulgó la Ley 1595 de 2012. Esta ley representa un paso significativo hacia la mejora de las condiciones laborales de las trabajadoras domésticas en Colombia. Pero, ¿ha logrado la ley algún cambio real para estas trabajadoras? Para responder a esta pregunta, es necesario analizar de cerca las experiencias de esas trabajadoras antes y después de la implementación de la ley.

El papel de las mujeres afrocolombianas en el trabajo doméstico desde el siglo XIX 

mujer negra trabajadora de servicios domesticos optimized 1024x576 - Heróis silenciosos: revelando as histórias não contadas de mulheres negras no serviço doméstico

A história das mulheres afro-colombianas no trabalho doméstico é uma história de resistência e perseverança. Desde o século XIX, as mulheres afro-colombianas têm desempenhado um papel crucial na economia doméstica, apesar de enfrentarem inúmeros desafios. O trabalho doméstico, muitas vezes desvalorizado e invisível, tem sido um pilar para a sustentabilidade da sociedade colombiana. Neste cenário, as mulheres afro-colombianas assumiram a liderança, mostrando uma resiliência digna de admiração.

A luta pela dignidade

As mulheres afro-colombianas têm lutado pela dignidade e pelo reconhecimento do trabalho doméstico. Ao longo da história, têm sido vítimas de discriminação, exploração e violação dos seus direitos laborais. No entanto, não se mantiveram passivos perante esta realidade. Resistiram, organizaram-se e ergueram a sua voz em busca de equidade e justiça.

Um legado de capacitação

O papel das mulheres afro-colombianas no trabalho doméstico vai para além de uma mera ocupação. Deixaram um legado de capacitação e de luta pelos direitos laborais. A sua resistência e luta são um testemunho da sua força e determinação.

Anos 1800: As mulheres afro-colombianas começam a trabalhar como empregadas domésticas, apesar das difíceis condições de trabalho e da discriminação.

Anos 1900: Aumenta a procura de trabalhadores domésticos afro-colombianos. No entanto, continuam a enfrentar condições de trabalho injustas.

Anos 2000: As mulheres afro-colombianas que trabalham no sector doméstico começam a organizar-se e a lutar pelos seus direitos laborais. A história das mulheres afro-colombianas no trabalho doméstico é uma história de luta e resistência. Apesar dos desafios, deixaram uma marca indelével na sociedade colombiana.

A luta moderna

A luta moderna dos trabalhadores domésticos afro-colombianos é uma história de suor e lágrimas, entrelaçada com uma luta constante pela dignidade e pelo reconhecimento. Tudo isto num país que proclama a igualdade e a não discriminação na sua Constituição, mas que, na prática, prova frequentemente o contrário.

“Os trabalhadores domésticos afro-colombianos foram invisibilizados, desvalorizados e explorados durante demasiado tempo”.

Clique na cor

As condições actuais destes trabalhadores são deploráveis. A grande maioria trabalha sem contrato formal, o que significa que não tem acesso a benefícios laborais básicos, como a segurança social, férias pagas e proteção contra o despedimento sem justa causa. Apresentam-se de seguida alguns dados relevantes:

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A sua luta não é apenas por um salário digno, mas também pelo reconhecimento do seu valioso contributo para a sociedade colombiana. Não é irónico que aqueles que cuidam das nossas casas, alimentam os nossos filhos e, em muitos casos, constituem a própria espinha dorsal dos nossos lares sejam relegados para a sombra, esquecidos e desprezados?

Apesar destas adversidades, estas mulheres demonstram uma resiliência e uma força admiráveis. Organizam-se em sindicatos, lutam pelos seus direitos e esforçam-se por melhorar as suas condições de vida. Mas durante quanto tempo terão de lutar sozinhos? Até quando é que o sistema vai continuar a fazer orelhas moucas às suas exigências? Estas são perguntas para as quais temos de encontrar respostas, não só como sociedade, mas também como indivíduos.

Lei 1595 de 2012

A Lei 1595 de 2012 constitui um marco significativo na luta pela justiça e equidade laboral dos trabalhadores domésticos na Colômbia. Mas o que significou exatamente esta lei para os trabalhadores domésticos afro-colombianos? Um bálsamo para as feridas da exclusão e da discriminação? Ou apenas mais um texto jurídico destinado a ser arquivado na prateleira das boas intenções?

A Lei 1595 de 2012, popularmente conhecida como a “Lei Rosa”, foi promulgada com o objetivo de garantir a proteção laboral e social dos trabalhadores domésticos na Colômbia, um grupo que inclui maioritariamente mulheres afro-colombianas.

O seu significado transcende o papel, uma vez que esta lei se tornou o primeiro reconhecimento legal das desigualdades sistemáticas enfrentadas pelos trabalhadores domésticos na Colômbia, especialmente as mulheres de ascendência africana. Mas a questão que se coloca é: será que alguma coisa mudou realmente desde a sua entrada em vigor?

  • La ley establece que las trabajadoras domésticas tienen derecho a un salario mínimo legal, pago de horas extras, días de descanso y vacaciones pagadas.
  • Se garantiza el acceso a la seguridad social, incluyendo salud, pensiones y riesgos laborales.Establece la obligación para los empleadores de proporcionar un contrato de trabajo escrito, marcando un precedente para formalizar esta ocupación.

Estas disposiciones, sin duda, marcaron un avance en términos legislativos. Sin embargo, la Ley Rosa, aunque visibilizó la lucha y las adversidades de estas valientes mujeres, ha demostrado ser insuficiente en su implementación, dejando a muchas aún al amparo de la incertidumbre laboral.

Então, será a Lei 1595 de 2012 uma vitória oca, uma promessa não cumprida ou um primeiro passo na longa marcha para a igualdade? Não será altura de deixarmos de aplaudir as intenções e começarmos a exigir resultados?

Para responder a estas questões, é necessário analisar criticamente o impacto da Lei na vida das trabalhadoras domésticas afro-colombianas. E a realidade, meus amigos, é que as perspectivas continuam a ser sombrias. Apesar da promessa de um contrato e de benefícios laborais, a informalidade continua a assolar este sector. Porquê? Porque aplicação é uma palavra que parece não existir no vocabulário dos aplicadores da lei.

De acordo com estudos efectuados por organizações de direitos humanos, a grande maioria das trabalhadoras afro-colombianas continua a não ter acesso a um contrato escrito ou à segurança social. A exploração laboral, as longas horas de trabalho e as condições de trabalho inadequadas continuam a prevalecer. Então, onde está a mudança que a Lei Cor-de-Rosa prometeu?

Além disso, a discriminação racial e de género, esse fardo indizível que nos pesa como sociedade, continua presente. Os trabalhadores domésticos de origem africana continuam a ser vistos como indivíduos de segunda classe, susceptíveis de serem explorados e desprezados. E isso, caros leitores, não se muda com uma lei, mas com uma mudança profunda e radical das nossas mentalidades e atitudes.

Estamos dispostos a aceitar esse desafio? Portanto, não é que a Lei Cor-de-Rosa seja uma vitória oca, mas soa certamente como uma música que promete muito e cumpre pouco. É um primeiro passo, sim, mas ainda há um longo caminho a percorrer na luta pela dignidade e pelos direitos dos trabalhadores domésticos afro-colombianos.

Exemplos da realidade no terreno

Por vezes, os números e as análises não são suficientes para compreender a complexidade de um problema. Neste caso, talvez os testemunhos das próprias trabalhadoras domésticas afro-colombianas possam dar uma visão mais profunda da sua realidade. Eis a história de María Roa Borja.

No coração vibrante da Colômbia, desenrola-se uma história de resiliência, determinação e luta contra a adversidade. Esta é a história de Perxides María Roa Borja, um farol de esperança para muitos.

Em tempos, a Maria era apenas mais um rosto na multidão, com as mãos gastas das tarefas domésticas. Mas dentro dela batia o coração de uma leoa, pronta a rugir pelos direitos de inúmeros outros como ela. Dos ecos de Harvard às estimadas câmaras do Congresso colombiano, a sua voz ressoou, contando histórias sobre as lutas e os sonhos das trabalhadoras domésticas.

A cidade de Medellín, com as suas ruas vibrantes e edifícios imponentes, contrastava fortemente com a vida de María em Apartadó. Os anos 90 foram um período tempestuoso na Colômbia, com sombras à espreita em todos os cantos. A vida de Maria foi tocada por esta escuridão quando a violência levou a sua irmã e deixou o seu irmão ferido. As paisagens familiares da sua cidade natal tornaram-se memórias assombrosas, puxando-a para o abraço da cidade.

Mas a cidade não era mais simpática. A discriminação tinha muitas faces e as oportunidades eram poucas. No entanto, o espírito de Maria permaneceu intacto. Encontrou consolo nas histórias de outras mulheres afro-colombianas, as suas experiências partilhadas teciam uma tapeçaria de esperança e resistência. Juntas, formaram a União das Trabalhadoras Domésticas Afro-Colombianas, um farol de mudança.

O amor também encontrou o seu caminho para Maria no meio do caos. Um encontro casual com um amigo de infância deu origem a uma ligação profunda. Sonharam juntos, construindo uma humilde casa em Villatina La Torre. Mas o destino tinha outros planos. O companheiro de Mary foi preso, deixando-a novamente sozinha a enfrentar os desafios da vida.

No entanto, cada contratempo apenas alimentou a determinação de Maria. A sua história tornou-se um grito de guerra, levando à promulgação da Lei 1788 de 2016, um farol de esperança para os trabalhadores domésticos.

O percurso de Mary é um testemunho do espírito indomável da alma humana, um lembrete de que, mesmo perante a adversidade, é possível erguermo-nos, brilharmos e fazermos a diferença.

Conclusão

No final do dia, apesar dos avanços significativos, a realidade das mulheres afro-colombianas que trabalham como empregadas domésticas continua a ser uma batalha difícil. Fizemos progressos? Claro que sim! Mas será suficiente? De modo algum. O que é que isto significa para o caminho a seguir? Bem, isso deixa-nos com um desafio significativo e assustador.

As mulheres afro-colombianas, com a sua força e determinação, têm demonstrado repetidamente que não são alheias aos desafios. No entanto, a sociedade no seu conjunto deve ser responsável por garantir a igualdade e a justiça para todos.

É aqui que entra a nossa responsabilidade. Temos de atuar com paixão e propósito para mudar a realidade destes trabalhadores. Vejamos mais de perto algumas das acções que podemos e devemos tomar:

  • Legislación: Se necesitan leyes más fuertes y efectivas para proteger los derechos de las trabajadoras domésticas. No sólo en el papel, sino también en la práctica.
  • Educación: Debemos promover la educación y la formación como medios para romper el ciclo de la pobreza y la desigualdad.
  • Conciencia social: Es hora de cambiar las actitudes y prejuicios que existen en nuestra sociedad hacia las trabajadoras domésticas y, especialmente, hacia las mujeres afrocolombianas.
Para ilustrar la importancia de estas acciones, permítanme compartir una tabla que compara la situación actual con la situación deseada.
Tabla servicio domestico - Heróis silenciosos: revelando as histórias não contadas de mulheres negras no serviço doméstico

Vamos fazer disto mais do que um objetivo, vamos torná-lo uma realidade. Porque, no fim de contas, a luta das trabalhadoras domésticas afro-colombianas é também a nossa luta.

Referências

Segue-se uma lista de fontes que forneceram informações valiosas para este artigo sobre as dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras domésticas afro-colombianas na Colômbia:

  1. Acosta, D. (2018). Trabalhadoras domésticas em Bogotá: uma perspetiva de género, raça e classe. Editorial Universitaria. Bogotá, Colômbia.
  2. Betancur, J. (2020). As vozes esquecidas: mulheres afro-descendentes e trabalho doméstico na Colômbia. Revista de Estudos Sociais, 34(3), 56-65.
  3. García, M. (2019). Escravatura moderna e exploração laboral: o caso das trabalhadoras domésticas na Colômbia. Notícias de Caracol. Obtido em https://www.noticias.caracol.com
  4. González, P. (2021). A diáspora africana na Colômbia: uma história de resistência e luta. Editorial Nacional. Medellín, Colômbia.
  5. Pérez, A. (2017). Mulheres afro-colombianas e trabalho doméstico: uma perspetiva de direitos humanos. Fundação Heinrich Böll. Obtido em https://co.boell.org

Todas estas referências permitiram não só uma análise extensa e pormenorizada da situação, mas também uma compreensão mais profunda da vida destas mulheres que, apesar dos desafios, lutam constantemente por um futuro melhor.